Quem o diz é o investigador americano J. M. Berger em entrevista ao DN..Os vídeos de decapitações são pensados essencialmente para os ocidentais?.Em certa medida. O EI começou a decapitar pessoas muito antes de matar ocidentais. Um dos seus vídeos mostra a execução em massa de militares sírios capturados, e que praticamente não chamou a atenção de nenhum media ocidental. Isto sucedeu várias vezes e o objetivo eram os públicos locais e tiveram o resultado pretendido. Veja-se no ataque a Mossul como bateram em retirada os soldados iraquianos e a debandada foi considerada uma causa direta deles saberem como o EI tratava os seus prisioneiros. E quando começaram a fazer os vídeos para o público ocidental, fizeram-no de uma forma bem calculada, revelando que o conheciam muito bem. Nestes vídeos, a decapitação não surge na íntegra; vê-se o início e depois o resultado final enquanto nas decapitações de sírios e iraquianos tudo é mostrado do princípio ao fim. É também a forma bárbara das execuções, não é com espadas, machados, guilhotina, é da forma mais lenta, terrível e dolorosa que se pode imaginar. Para as audiências árabes sabem que podem e devem mostrar um nível superior de violência..Como se viu no caso do piloto jordano, que já foi mostrado nos media ocidentais?.Certo, mas não na íntegra. Tive oportunidade de ver a versão não censurada e foi das coisas mais terríveis que alguma vez vi. Quando o EI faz vídeos para o público ocidental sabe que não pode ir tão longe, ou não serão mostradas as imagens..Os vídeos também apelam ao sentido de risco, de militância....Os vídeos apelam a pessoas com tendência para serem violentas, e atrai-as para o EI, em particular se já estão num processo de radicalização. Outro aspeto é o de funcionarem como uma provocação aos ocidentais, de levar os EUA a desencadearem ataques militares, a envolverem outros países da região no conflito. A finalidade é criar um grande conflito regional que sirva a visão apocalíptica que têm da realidade. E este cenário não é impossível. Desde que as tropas jordanas se posicionaram junto da fronteira com o Iraque, após a morte do seu piloto, o EI tem tentado tudo para os levar a entrarem neste país..Leia mais no epaper ou na edição impressa do DN